Patrimônio

Ressignificar para aprender a conservar

Atividades de Educação Patrimonial acontecem em paralelo ao restauro da nave central da Catedral São Francisco de Paula

QZ7 Filmes - Antropóloga Liza Bilhalva (E) apresentou aos estudantes este bem cultural

Observar, compreender e recriar são verbos conjugados nas atividades de Educação Patrimonial do restauro da nave central da Catedral São Francisco de Paula. Participam alunos do Colégio Gonzaga e Instituto São Benedito. As descobertas começaram em julho, com o evento de lançamento do projeto. Desde então várias ações aconteceram, como visitas guiadas, palestras e finalmente oficinas de pintura em telhas, na última semana. O material escolhido se conecta diretamente com a obra em curso na igreja, onde o telhado do lado sul já está praticamente finalizado. Participaram das atividades 120 alunos do 5º ano do Colégio Gonzaga e 30 meninas de 4º e 5º ano do Instituto São Benedito - todos lindeiros ao templo.

Para antropóloga Liza Bilhalva, não poderia ter melhor forma de expressão do que propiciando experiências de contato direto com o bem cultural. "Eles já tiveram vários momentos de descoberta deste patrimônio e agora colocam suas impressões através da pintura, no material que é exatamente o objeto do restauro", destaca. Ela coordena a educação patrimonial (EP) do projeto, ao lado da arqueóloga Marta Bonow.

Juntas conduziram os alunos primeiramente a um momento de exploração da igreja. "Nesta etapa inicial organizamos visitações e palestras com foco no desenvolvimento do espírito crítico, para que eles pudessem interpretar o significado do que viam", complementa Marta. Na segunda etapa, a artista Ana Júlia Fortuna orienta os alunos na tão esperada oficina de pintura em telhas.

As imagens trabalhadas são escolhidas a partir do que mais encantou os alunos nas incursões. Alguns escolheram figuras religiosas, outras pinturas murais de Emílio Sessa e Aldo Locatelli, ou detalhes da arquitetura das torres da Catedral. São diferentes percepções reveladas a partir dos moldes feitos em folhas de raio-x, baseado na técnica de estêncil e que a oficineira usa para embasar cada um dos desenhos.

Com tintas e pincéis em mãos é hora de usar a criatividade. "É a forma deles ressignificarem todo o processo de maneira divertida e colorida, para que permaneça na lembrança, desde a primeira visita que fizeram à Catedral", ressalta Ana Júlia. A obra de restauro se estende até maio de 2023 e prevê a troca do madeiramento do telhado e recuperação dos forros de estuque que protegem as pinturas murais. A iniciativa é financiada via Pró-cultura - Lei Estadual de Incentivo à Cultura (LIC), com o patrocínio da Josapar, apoio de Biscoitos Zezé e Arrozeira Pelotas e produzido pela Perene Patrimônio Cultural.

Olhares desbravadores

Os colegas Théo Moreira e Pietro Born, ambos com 10 anos e alunos do 5º ano do Colégio Gonzaga, são parceiros em uma obra de arte. Mais ou menos como Aldo Locatelli e Emílio Sessa nos anos 50, quando criaram as belas pinturas murais do teto da Catedral. Porém a duplinha juvenil escolheu pintar nada menos do que as torres da igreja.

Depois de pesquisarem, decidiram que era a imagem que mais os agradava do bem, que é tombado desde 2011 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae). Pietro conta que já conhecia o local, onde frequentava com a mãe, mas depois das visitas guiadas descobriu novos encantos. "Além das torres as pinturas são a parte que eu mais gosto", declara.

O amigo Théo confessa que a cada ida encontra algo diferente, que ainda não tinha percebido. E é exatamente esse desvendar que a coordenadora pedagógica do colégio Carla Santo, avalia como fundamental. "Este contato direto com o patrimônio é um grande ganho para todos", destaca.

A professora de artes, Vera Paiva, com mais de três décadas de atuação, ressalta o entusiasmo dos alunos com o projeto. "Eles têm um senso perceptivo bem desenvolvido e estavam preocupados em fazer os desenhos com capricho", avalia. Os resultados práticos das oficinas poderão ser vistos durante a 4ª Semana Cultural da Catedral que acontecerá de 18 a 27 de novembro. Entre as diversas atividades relacionadas ao projeto de restauro que serão apresentadas está a exposição das telhas pintadas nas oficinas de educação patrimonial.

Anfitriões de Emílio Sessa

A última atividade de educação patrimonial do ano será no final do mês, quando acontece a visita dos alunos do Colégio Gonzaga ao Instituto São Benedito. As instituições, que estão localizadas a menos de 200 metros de distância, terão um momento de interação.

A instituição fundada em 13 de maio de 1901, hospedou na década de 50 o italiano Emílio Sessa durante o período em que pintava a Catedral. Como forma de expressar gratidão, ele presenteou o local com uma capela repleta de obras de sua arte. Será exatamente este o ponto de partida para o tour que as alunas do São Benedito irão conduzir.

Para a diretora do educandário, Ingrid Santos, será uma oportunidade de grande importância para as estudantes. Um momento que certamente deixaria o ilustre hóspede orgulhoso. Para acompanhar o andamento das obras de restauro e as atividades paralelas ao projeto basta acessar o perfil do Instagram @catedraldepelotas.






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